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Já imaginou remover alguns genes não desejados de um animal, como os responsáveis por alergias alimentares? Foi exatamente isso que uma empresa de biotecnologia, a Revivicor Inc., fez com suínos. Inclusive, na segunda-feira (14), os Estados Unidos aprovaram a sua primeira criação de porcos domésticos geneticamente modificados, conhecidos como GalSafe, para fins alimentícios.

A autorização é um marco que deve afetar, nos próximos anos, a criação de animais domésticos em fazendas inteligentes pelo país. “Este é o primeiro IGA [alteração genômica intencional] em um animal que a FDA aprovou para consumo alimentar humano e como fonte para potenciais usos terapêuticos”, explicou a agência reguladora dos EUA, a Food and Drug Administration (FDA), em nota.

De acordo com o desenvolvedor da tecnologia, a carne de suínos GalSafe deve ser comercializada, inicialmente, por encomenda, no lugar dos tradicionais supermercados ou açougues.

Porco antialérgico dos EUA

A edição genética dos porcos busca eliminar o açúcar alfa-gal, encontrado naturalmente na superfície de células dos porcos e outros animais de carne vermelha. No entanto, alguns indivíduos com síndrome Alfa-gal (AGS) podem desencadear reações alérgicas leves a graves em contato com a molécula.

Na maioria dos casos, essa condição é verificada depois que um carrapato Lone Star, comumente encontrado nos EUA, contamina um indivíduo saudável e transmite o tipo de açúcar. Em alguns casos, isso desencadeia uma reação do sistema imunológico que mais tarde produz reações alérgicas ao consumir carnes vermelhas, como a de porco. Em outras palavras, a edição pode ampliar o público consumidor do alimento nos EUA e no mundo.

Autorização deve afetar farmacêuticas e pesquisas

“A primeira aprovação de hoje de um produto de biotecnologia animal para alimentos e como uma fonte potencial para uso biomédico representa um marco tremendo para a inovação científica”, afirmou o Comissário da FDA, Stephen M. Hahn, durante o anúncio da autorização para a criação comercial de porcos geneticamente modificados.

Além de alimentação, os porcos podem, potencialmente, fornecer uma nova fonte de materiais à base de suínos para a produção de produtos médicos para humanos livres de açúcar alfa-gal. Isso porque a reação alérgica se estende para outros derivados, também, como remédios. Nesse sentido, será possível produzir heparina — medicamento usado para diluir o sangue — sem açúcar alfa-gal detectável, por exemplo.

Em uma outra aplicabilidade, os tecidos e órgãos do animal podem, no futuro, resolver o problema da rejeição imunológica em pacientes que recebem xenotransplantes (transplante entre um animal e o humano). Segundo algumas pesquisas, o açúcar alfa-gal é considerado como uma das causas para rejeição do transplantes em pacientes.

Em outras palavras, a inovação deve acabar mais longe da mesa e mais próxima dos hospitais. No entanto, todos esses usos dependem de outras pesquisas e demandarão novas aprovações de uso para os materiais. Uma curiosidade sobre a empresa de biotecnologia é que a Revivicor é uma derivação da PPL Therapeutics. A empresa original foi responsável pela clonagem do primeiro mamífero adulto, a conhecida ovelha Dolly, em 1996.

Porcos editados geneticamente são seguros?

Como parte de sua revisão, a FDA avaliou a segurança do procedimento que envolve edição genética e também averiguou a segurança do produto para o consumo da população comum. Além disso, a revisão da agência também verificou que não há nível detectável de açúcar alfa-gal em várias gerações dos porcos GalSafe.

Segundo a FDA, o novo porco doméstico não teria um impacto no ambiente dos EUA, diferente das criações de porcos convencionais. Além disso, “as condições sob as quais os porcos GalSafe serão mantidos são muito mais rigorosas do que aquelas para porcos de criação convencional”, comentou a agência. Para outros temas, como uma eventual seleção de bactérias resistentes, “a FDA concluiu que o risco microbiano para a segurança alimentar é baixo, e é mitigado pelo baixo número de porcos GalSafe entrando no fornecimento de alimentos, bem como pela vigilância contínua para resistência antimicrobiana, entre outros fatores.

 

Fonte: www.canaltech.com.br

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