Recentemente a META começou a utilizar dados públicos de usuários do Instagram e do Facebook para treinar seus modelos de inteligência artificial generativa. Em outras palavras, os posts, fotos e vídeos que você compartilha nas redes sociais agora podem ser usados para aprimorar as ferramentas desenvolvidas pela companhia.
Essa medida faz parte de um esforço maior da empresa em investir fortemente em inteligência artificial. A big tech anunciou que em julho lançará no Brasil a Meta AI, um assistente pessoal integrado ao Instagram, WhatsApp, Facebook e Messenger. A expectativa é que os usuários poderão interagir com o sistema diretamente desses aplicativos, inclusive para criar imagens em tempo real.
No entanto, treinar um modelo de IA eficaz não é uma tarefa simples — e é aqui que entram os dados públicos dos usuários. Quando a Meta AI for lançada no Brasil, as interações com os usuários também serão usadas como fonte de mineração de dados, excluindo apenas os conteúdos compartilhados em conversas privadas.
O uso de dados pessoais para o treinamento de IA pode ter várias implicações negativas!
Aqui estão alguns dos principais pontos a serem considerados:
Privacidade: Quando dados pessoais são utilizados para treinar modelos de IA, há um risco significativo de invasão de privacidade. Informações sensíveis podem ser expostas, resultando em um potencial uso indevido ou abuso desses dados.
Segurança de Dados: Dados pessoais podem ser vulneráveis a ataques cibernéticos. Se os sistemas que armazenam esses dados não forem adequadamente protegidos, pode haver vazamentos que exponham informações pessoais a terceiros não autorizados.
Consentimento e Transparência: Muitas vezes, os indivíduos não estão plenamente conscientes de como seus dados estão sendo usados. A falta de transparência e consentimento explícito pode levar a um sentimento de desconfiança e desconforto entre os usuários.
Discriminação e Viés: Dados pessoais podem refletir preconceitos e desigualdades sociais existentes. Se não forem tratados adequadamente, esses vieses podem ser amplificados pelos modelos de IA, resultando em decisões discriminatórias.
Controle e Propriedade de Dados: Os indivíduos podem perder o controle sobre como seus dados são usados e processados. Isso pode ser particularmente problemático se os dados forem usados para finalidades além das originalmente consentidas.
Erros e mal-entendidos: Modelos de IA podem interpretar erroneamente os dados pessoais, levando a resultados incorretos ou prejudiciais para os indivíduos. Isso pode impactar decisões em áreas críticas, como saúde, finanças e emprego.
Uso indiscriminado: Dados pessoais podem ser usados para monitoramento e vigilância, o que pode levar a um sentimento de invasão e à perda de liberdade individual.
Dificuldade em retirar consentimento: Uma vez que os dados pessoais são usados para treinar modelos de IA, pode ser difícil, senão impossível, remover completamente esses dados dos sistemas, tornando complexo o processo de retirada de consentimento.
Exposição a publicidade e marketing: O uso de dados pessoais pode resultar em uma segmentação mais precisa para publicidade, o que pode ser intrusivo e desconfortável para os indivíduos.
Impacto psicológico: Saber que seus dados estão sendo constantemente monitorados e analisados pode causar desconforto e ansiedade, afetando negativamente o bem-estar psicológico dos indivíduos.
É importante destacar a necessidade de uma abordagem cuidadosa e ética no uso de dados pessoais para o treinamento de IA e implementar medidas robustas de proteção de dados, garantir o consentimento informado e transparente dos usuários, e trabalhar continuamente para mitigar vieses e riscos associados ao uso desses dados.
Apenas assim podemos aproveitar os benefícios da IA sem comprometer os direitos e a privacidade dos indivíduos!
Gabriela Dias – Head de Business Protection
Instagram: @carlospintoadv
Linkedin: linkedin.com/company/carlospintoadvocaciaestrategica
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