Aprovada pela Emenda Constitucional nº 123/23, a Reforma Tributária representa a maior transformação do sistema fiscal brasileiro em décadas. A promessa oficial é de simplificação e transparência por meio da substituição de tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS por um IVA Dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
A partir de 2026, entram em vigor alíquotas residuais de 0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS. Embora pareçam irrelevantes em um primeiro momento, especialistas alertam que o verdadeiro impacto inicial da reforma não está no peso direto dos impostos, mas nos custos operacionais de adaptação ao novo modelo.
Uma pesquisa da Thomson Reuters indica que 90% das empresas veem impacto de médio a muito alto em suas operações para se adequar às novas diretrizes. Além disso, 66% dos entrevistados acreditam que os investimentos em soluções de gestão tributária crescerão significativamente entre seis meses e dois anos após o início da transição e 40% projetam esse aumento de gastos por quase uma década.
Entre 2026 e 2033, o Brasil viverá um período singular: dois sistemas tributários coexistindo. Nesse cenário, empresas terão de:
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Manter conformidade com o modelo atual;
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Implementar gradualmente as regras do novo regime;
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Adaptar-se a normas ainda em processo de regulamentação.
Esse “duplo esforço” eleva custos em tecnologia, consultoria e treinamento. De acordo com a pesquisa citada, 62% das empresas esperam gastar mais com consultorias externas e 51% preveem aumento de custos com treinamento de colaboradores.
Negócios que ainda dependem de sistemas fragmentados ou processos manuais sentirão ainda mais intensamente a pressão da transição. A reforma exige não apenas ajustes em planilhas, mas integração de dados, parametrizações sofisticadas e gestão em tempo real das regras tributárias.
O paradoxo da simplificação
Embora a retórica da Reforma Tributária enfatize simplificação, no curto e médio prazo a realidade é de maior complexidade e custos. O discurso oficial aponta para ganhos de eficiência no futuro, mas, até que esse horizonte se concretize, empresas terão de lidar com uma curva de aprendizado onerosa.
Esse paradoxo traz ainda um risco adicional: desigualdade competitiva. Grandes empresas, com estrutura e recursos para investir em tecnologia e assessoria especializada, estarão em posição de vantagem. Já as pequenas e médias empresas tendem a enfrentar mais dificuldades financeiras para absorver os custos de adaptação, o que pode acentuar disparidades no ambiente de negócios.
A reforma não invalida suas promessas de ganhos estruturais, mas deixa claro que a adaptação será um desafio operacional e financeiro considerável. Para atravessar essa transição com menos riscos, as empresas precisam agir desde já:
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Revisar processos internos;
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Investir em tecnologia de gestão tributária;
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Capacitar equipes;
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Buscar apoio consultivo especializado.
Mais do que nunca, antecipar mudanças será crucial para transformar o custo da adaptação em vantagem competitiva. A promessa de simplificação poderá se concretizar no futuro; por ora, a prioridade das empresas deve ser integrar-se de forma inteligente à maior transição fiscal do século.
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